ABNT discute norma para envidraçamento de sacada.

ABNT discute norma para envidraçamento de sacada.

Tendência de mercado beneficia o setor vidreiro, e o projeto de norma estará aberto para consulta pública até o final de novembro. A arquiteta Andréa Parreira decorou a varanda com a finalidade de criar um espaço gourmet A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) abriu espaço para a implantação de uma norma para os sistemas de envidraçamentos de sacadas. O projeto, que começou a ser elaborado em 2009, estará aberto para consulta pública até o dia 25 de novembro. Após esse período, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos deve se reunir novamente para avaliar as considerações do público. Entre os pontos abordados no projeto estão o uso de vidro de segurança laminado ou temperado para o envidraçamento das sacadas e a enumeração de algumas situações nas quais o sistema de envidraçamento deve oferecer resistência e proteção ao morador, como: Pressão de vento: O sistema não pode apresentar ruptura, colapso total ou parcial de qualquer de seus componentes, e ter seu desempenho comprometido; Ciclos de abertura e fechamento: O sistema deve suportar 10 mil ciclos completos de abertura e fechamento, sem apresentar ruptura dos vidros, deterioração ou ruptura de qualquer componente; Envidraçamento de sacada feito pela Tech Envidraçamentos em apartamento do bairro Meireles, em FortalezaEm setembro deste ano, o projeto ficou disponível para consulta pública, e ficará aberto para receber sugestões até o dia 25 de novembro. O envidraçamento de sacada está sendo adotado por muitos moradores de prédios residenciais que estão optando por fecharem suas varandas para aumentar o espaço da sala ou até mesmo criar uma área de convivência agradável. E essa tendência de mercado vem abrindo muitas possibilidades para os vidraceiros, já que o material mais indicado para esses casos é o vidro. Para criar um padrão de qualidade do sistema de envidraçamento, a ABNT propôs a criação da norma. E desde 2009, a Comissão de Estudo de Vidros e suas aplicações na construção civil (CE – 37:000.03) do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) já se reuniu 37 vezes para elaborar o 1º Projeto 37.000.03-008: Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de trabalho. Essas reuniões contaram com mais de 60 empresas participantes, entre empresários, representantes de associações, consumidores e consultores. O Sérgio Koloszuk, diretor comercial da Alclean, foi um dos empresários que participou das reuniões da ABNT e defende a criação da norma para sistema de envidraçamento de sacadas: “A partir do momento que existe uma norma, passa a existir um parâmetro entre o certo e o errado, pois os consumidores não detém o discernimento necessário para julgar isso. Com a Norma aprovada, a indústria também terá parâmetros para saber o que é bom e o que é ruim, e isto orienta o desenvolvimento de novas soluções para este tipo de instalação”, argumenta. Sobre os itens abordados no projeto de norma, Koloszuk ressalta os aspectos relacionados à segurança, e aos itens de inclusão: “Acreditamos que as normas devem ser inclusivas, ou seja, que os vidraceiros tenham iguais condições de mercado às que têm as grandes empresas, desde que atendidas as condições de segurança”. Apresentação do Kit Porta Balcão na Glass South America, em 2012 A Alclean começou a comercializar os kits sacadas em 2004, favorecendo o desenvolvimento das plantas com sacadas gourmet. E em 2012 apresentou ao mercado o Kit Porta-Balcão, que foi desenvolvido para permitir a abertura total do vão entre a sala e a varanda dos apartamentos, possibilitando a integração dos dois ambientes. Ampliando os serviços Há dois anos, a Vidraçaria Santa Catarina começou a trabalhar com o fechamento de sacadas. E hoje, a empresa faz o envidraçamento de, em média, seis sacadas por mês. “Utilizamos vidros temperados Blindex 8 mm para sacadas, e 10 mm para vidros mais altos”, conta Jorge Luís Cormack. Questionado sobre o projeto mais desafiador que a empresa já fez, Cormack citou a varanda de uma casa, em Niterói, de 2,5 metros de altura e 6 metros de comprimento: “a laje ficava em balanço, e o peso da instalação poderia comprometer o funcionamento, então, foi feita a estruturação com tubos de alumínio e o resultado ficou muito bom”, recorda o proprietário da vidraçaria. A Tech Envidraçamentos, localizada em Fortaleza (CE), também aproveitou essa tendência de mercado para diversificar sua gama de serviços. A empresa era especializada na execução de projetos de ambientação e atendia basicamente arquitetos e engenheiros. “Consegui visualizar neste produto [Kit para fechamento de sacada] uma oportunidade real de negócio. Ele teria uma demanda de mão de obra mais especializada, portanto, uma concorrência menor e uma margem de lucro maior”, conta Charles Mesquita, proprietário da companhia. Atualmente, a empresa oferece sua própria solução para o fechamento de sacadas, o Sistema Tech Screen, que pode ser comprado junto com o serviço de instalação e manutenção. Por mês, são comercializados, em média, 80 kits de 6 metros, ao custo de R$ 500 o metro quadrado já instalado. Mesquita explica que o envidraçamento de sacada favorece qualquer região do país: “Regiões Quentes podem climatizar o espaço, em regiões chuvosas os ambientes podem ficar enxutos, em regiões metropolitanas reduzem-se os barulhos externos e evita-se a entrada de poeira e fuligem asfáltica que geram asma e doenças alérgicas”. O kit Tech Screen está há sete anos no mercado; e o projeto da empresa para 2013 é investir na área de atacado para vender kits e preparar mão de obra especializada para o mercado. Terceirização Por outro lado, muitas vidraçarias que começaram a fazer o envidraçamento de sacadas desistiram, por conta de algumas complicações que surgiram no meio do caminho. Para esses vidraceiros, uma boa opção é vender o serviço ao cliente e repassar a instalação para uma empresa especializada. A Tecno Glass, por exemplo, é uma dessas empresas que fazem o envidraçamento de sacada para as vidraçarias oferecerem o serviço aos clientes. A empresa foi fundada em 2008, e hoje conta com 20 colaboradores internos, 10 equipes de instalação externas e duas de manutenção, estando capacitada para atender não só os serviços de envidraçamento de sacadas, mas também o departamento de obras de engenharia e decoração. “Temos hoje alguns parceiros de vidraçaria que contam com nossos serviços. Na região do Vale do Paraíba, temos a SetGlass que é uma distribuidora e vidraçaria que terceiriza totalmente os serviços para nossa empresa. Mas temos vários outros casos nos quais simplesmente executamos parte do processo e elas fazem a instalação”, explica Gil Robson de Paula, diretor técnico da companhia. Entre as vantagens dessa parceria, Gil explica que, ao contratar a Tecno Glass, a vidraçaria acaba oferecendo de forma indireta todas as certificações e laudos da empresa. “O parceiro também fica livre da inadimplência que é absorvida pela Tecno Glass, caso haja”, salienta o diretor, e ainda ressalta que a empresa também pode orientar a vidraçaria sobre o preço médio a ser cobrado para a realização dos serviços. Sobre os ganhos financeiros para a vidraçaria, Gil afirma que os valores são determinados por elas mesmas, com exceção quando elas repassam os clientes para a Tecno Glass, nesses casos, a empresa dá uma comissão de 5% do valor da venda para a vidraçaria. Envidraçamento feito pela Tecno Glass Oportunidade de negócio A Barravento foi fundada há 11 anos, no Espírito Santo, direcionada para o mercado de envidraçamento de sacadas. Fazendo uso de seu centro de pesquisas, a empresa conseguiu lançar o Barravento Door, um produto criado como divisor de ambientes, que permite a abertura completa do vão, com perfil inferior reduzido, facilitando a instalação. “Iniciamos com venda ao cliente final, e depois de milhares de obras, transformamos em franquia para aumentar as possibilidades de negócios”, conta Cláudio Bolsanello, diretor comercial da companhia. Hoje a empresa tem 107 franqueados, formando a maior rede das Américas neste setor. Bolsanello conta que a procura pelo envidraçamento de sacadas no Brasil começou com uma explosão de consumo no Espírito Santo. Com quatro anos de existência, a Barravento já havia instalado seis mil obras. “No momento a aceitação é máxima em todas as regiões do Brasil, pois transferimos não só conhecimento técnico e bons produtos, mas atuamos também nas técnicas e ferramentas de prospecção e venda, despertando o cliente final a imaginar sua sacada envidraçada”, comenta. Centro de Treinamento da Barravento fica na sede da empresa, em Vila Velha (ES)Hoje, basicamente todos os condomínios já possuem as especificações sobre o envidraçamento de sacadas registradas em atas. Pois, um ponto que deve ser observado nesse mercado é o fato de que o edifício não pode ser descaracterizado. A fim de auxiliar os franqueados, a empresa possui um centro de treinamento em Vila Velha (ES) preparado para receber as equipes de instalação e vendas. O objetivo do espaço é fazer com que eles vivenciem todos os processos que envolvem a negociação: desde a prospecção de clientes, passando pela medição, instalação, até o acompanhamento pós-venda. A Facile Glass também foi criada com o objetivo de atender o segmento de sacada retrátil. No começo, a empresa apenas fazia a instalação de sacadas, depois passou a fornecer o kit para o envidraçamento. “Hoje disponibilizamos treinamentos em nossa sede local seguindo um calendário de acordo com a demanda, como também pré-agendamos treinamentos de acordo com a necessidade e possibilidade de nossos clientes”, conta Karen Fernandes, gerente comercial da companhia. Ela explica também que a demanda pelo envidraçamento de sacada vem aumentando muito nos últimos anos e atribui isso a alguns fatores, como o aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, a evolução da busca por conforto e segurança, e a facilidade de acesso aos vidros temperados e laminados, que, hoje, têm custos menos elevados ao consumidor final. Karen comenta que como a empresa está sediada no sul do país, ela tem percebido um aumento pela procura do envidraçamento de sacada, por ser uma região tradicionalmente mais fria. Mas, afirma que outras regiões do país também estão se tornando mercado consumidor para este tipo de produto. E para capacitar os vidraceiros para este tipo de trabalho, a empresa oferece curso prático para turmas pequenas, com duração de oito a dez horas, com o custo de R$ 500 por aluno.

Fonte: Tecnologia & Vidro – Ed. 85 – Mercados e Negócios

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